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11/01/2021
Pais devem estimular e não pressionar filhos superdotados, diz especialista
Um dos principais estudiosos sobre inteligência e alto QI do Brasil, Fabiano de Abreu, tem família em Macaé e esclarece sobre o assunto
O quadro de Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) é um tema pouco conhecido e discutido no Brasil. De acordo com o neurocientista Fabiano de Abreu, conhecido na região, sobrinho do empresário Amilton Rodrigues de Macaé e especialista no assunto, o Brasil está muito longe de identificar os superdotados e desenvolver suas habilidades. O processo de identificação das altas habilidades abrange, além da inteligência formal, áreas como criatividade, liderança, motivação, artes e desenvolvimento psicomotor.
“Claro que o grande desafio nacional dos últimos anos foi universalizar a educação. Mas os alunos com altas habilidades não podem ser negligenciados. Falta no País uma política adequada para identificar, valorizar e estimular esses talentos ”, pondera Fabiano de Abreu.
O neurocientista passou na pele as dificuldades de ter altas habilidades no sistema educacional brasileiro. Só foi avaliado com superdotação na adolescência, e era incompreendido pelos professores. “O sistema educacional deveria estar preparado para identificar as habilidades de cada aluno e facilitar o seu desenvolvimento pleno. Não me refiro apenas a QI mas, identificar aquilo em que cada um é bom e pode se desenvolver, sejam nas artes, computação, esportes, humanidades, etc”.
Fabiano faz parte da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do planeta com sede na Inglaterra e tem 99 de percentil e 145 pontos, segundo os testes WAIS III, WISC IV e RAPM. Se especializou no tema e hoje é um dos principais cientistas para assuntos de inteligência e alto QI com artigos científicos publicados.
Mas se o sistema educacional brasileiro ainda pedala na atenção às pessoas com altas habilidades, no exterior existe uma sólida proposta de atendimento educacional especializado.
Identificar e estimular os superdotados:
Recentemente, a catarinense Bruna Büchele, descobriu que a filha Laura, de apenas 9 anos, é considerada uma criança superdotada com 135 pontos e 99 de percentil. A capacidade da pequena foi notada na escola, nos Estados Unidos, onde a família mora atualmente. A menina realizou o teste e entrou para a Mensa.
“No Brasil, muitas vezes os professores não tiveram formação para identificar e saber lidar com crianças superdotadas. A questão não é apenas o governo, mas também como as escolas se apropriam destes casos. Muitas instituições no Brasil se preocupam mais com a mensalidade do que com o aluno em si. Não analisam que um aluno prodígio pode elevar o nome da universidade e divulgá-la internacionalmente”, avalia Abreu.
Na universidade aos nove anos:
No exterior é possível que o superdotado pule etapas na aprendizagem. Um caso que chamou a atenção da imprensa foi o do menino Laurent Simons, que entrou aos nove anos na Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda. Laurent teve o resultado de 145 pontos no teste de QI tradicional WAIS III e foi chamado pela mídia de ‘Novo Eistein’.
“A Holanda busca pessoas superdotadas e investe nelas. Eu assessoro uma terapeuta especialista em crianças superdotadas na Holanda, Evelyn Stam, e conversamos muito sobre a maneira com que o governo desse país lida com essas crianças. É totalmente diferente”, afirma o neurocientista.
Para ele, pular etapas na aprendizagem é muito comum na vida de superdotados, mas é preciso ter cuidados com excessos. “ Uma criança tão nova, ao entrar em uma universidade, pode perder um período importante da infância. Fora a pressão de ter que ser bom como os demais, causando frustrações caso não consiga”, avalia.
Pressão pode levar a depressão ou agressividade:
De acordo com Fabiano de Abreu, os pais devem sempre estimular os filhos superdotados naquilo que eles têm interesse e preferencialmente de forma lúdica, sem nunca pressionar a criança.
“ A literatura aponta que a falta de apoio adequado às crianças e jovens superdotados pode levar a processos de depressão e até agressividade”, finaliza.
Sobre Fabiano de Abreu:
Doutor em Ciências da Saúde na área de psicologia e neurociência pela EBWU com especialização na propriedade elétrica dos neurônios em Harvard, ambos nos Estados Unidos. doutor em psicologia pela universidade ULSHP de Paris e mestre em psicanálise pelo Instituto Gaio membro da Unesco. Como neurocientista e psicanalista, criou a terapia da Psicoconstrução aprovada pelo Instituto Gaio usada por alguns psicólogos. É membro da SBNeC - Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento e membro da FENS - Federation of European Neuroscience Societies.
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