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[ Notícia 8051 ]
27/03/2021
Fiocruz recomenda restrição das atividades não essenciais por 14 dias
O novo Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nessa terça-feira, 23, recomenda a necessidade da adoção de medidas rígidas para o bloqueio da transmissão da doença em todos os estados, capitais e municípios que se encontram na zona de alerta crítico.
De acordo com o documento, entre as principais recomendações estão a restrição das atividades não essenciais por cerca de 14 dias, para redução de aproximadamente 40% da transmissão, e o uso obrigatório de máscaras por pelo menos 80% da população.
O documento é produzido pelo Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e destaca, ainda, o agravamento do cenário nacional, apresentando valores extremamente altos de casos e óbitos diários por Covid-19, além da preocupante permanência da tendência de aceleração da transmissão do Sars-CoV-2 e o quadro muito crítico das taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil.
"Desde o início do mês de março, o país assiste a um quadro que denota o colapso do sistema de saúde no Brasil para o atendimento de pacientes que requerem cuidados complexos para a Covid-19", afirmam os pesquisadores do Observatório, acrescentando que "este colapso não foi produzido em março de 2021, mas ao longo de vários meses, refletindo os modos de organização para o enfrentamento da pandemia no país, nos estados e nos municípios".
Os dados mostram que, ocorreram, em média, 73 mil casos diários e 2 mil óbitos por dia na última semana epidemiológica analisada (período de 14 a 20 de março de 2021).
Além disso, o número de casos cresce a uma taxa de 0,3% ao dia e o número de óbitos por Covid-19 aumentou para 3,2% ao dia, um ritmo ainda maior do que o das semanas anteriores.
O relatório também mostra que foi observado um aumento desproporcional da mortalidade no país, passando de cerca de 2% no final de 2020 para 3,1% agora em março.
"A incapacidade de diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somado à sobrecarga dos hospitais, em um processo que vem sendo apontado como o colapso do sistema de saúde, pode aumentar a letalidade da doença, dentro e fora de hospitais", destacam os especialistas.
Outros dados obtidos no dia 22 de março, com relação às taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS, continuam indicando um quadro extremamente crítico no Brasil. O boletim faz um destaque as regiões do país:
Na Região Norte, a saída do Amazonas da zona crítica para a de alerta intermediário, agora com uma taxa de 79%
Em contraponto, alerta para a piora do quadro na Região Sudeste: na última semana, em Minas Gerais, a taxa cresceu de 85% para 93%; no Espírito Santo, de 89% para 94%; no Rio de Janeiro, de 79% para 85%; e em São Paulo, de 89% para 92%
Já a região Sul e a Centro-Oeste mantiveram taxas superiores a 96%
Piauí (96%), Ceará (97%), Rio Grande do Norte (96%) e Pernambuco (97%) destacaram-se com as piores taxas na região Nordeste
Além disso, os pesquisadores alertam que, neste momento de crise, é urgente a adoção rigorosa das medidas de bloqueio da transmissão na quase totalidade dos estados e capitais que se encontram na zona de alerta crítico, bem como nos municípios que integram regiões de saúde onde há altas taxas de ocupação de leitos UTI Covid-19.
“A coordenação e integração destas medidas, articuladas entre os diferentes níveis de governo e com ampla participação da sociedade, é vital neste momento. Assim, mesmo que vários municípios e estados já venham adotando estas medidas, é fundamental que governos municipais, estaduais e federal caminhem todos na mesma direção para ampliá-las e fortalecê-las, uma vez que a adoção parcial e isolada nos levará ao prolongamento da crise sanitária", enfatizam.
Medidas urgentes
A lista de medidas urgentes apresentadas no documento tem como objetivo conter a crise sanitária e o colapso na saúde.
"Para que essas medidas de bloqueio possam ser bem-sucedidas, elas devem ser adotadas conjuntamente, demandando cerca de 14 dias para que produzam resultados na redução das taxas de transmissão em aproximadamente 40%, exigindo o monitoramento diário para acompanhar seus impactos na redução de casos, taxas de ocupação de leitos hospitalares e óbitos", destaca o boletim, que também toma como base para a recomendação a Carta do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e estudos realizados em outros países.
Os pesquisadores também destacam a importância do uso de máscaras e a adoção de campanhas e ações sobre a forma correta de utilizá-las.
"Ampliar a disponibilidade e o uso de máscaras, tendo como meta que pelo menos 80% ou mais da população as utilize de modo adequado; campanhas de distribuição gratuita de máscaras de pano multicamadas, em áreas e pontos de maior concentração populacional e baixo percentual de uso, combinadas com campanhas governamentais e não-governamentais sobre sua importância e modo correto de utilização devem fazer parte desta estratégia", complementam os pesquisadores no documento.
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